quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

01/01/2009 - Da BBC Brasil



O Brasil começa a adotar o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa a partir de 1º de Janeiro de 2009, em um período de transição que vai até 2012. A BBC Brasil preparou uma série de perguntas e respostas para esclarecer as questões políticas e diplomáticas relacionadas à reforma.



Quais são as razões por trás do Acordo Ortográfico?



Segundo o Ministério da Educação brasileiro, o objetivo do acordo é “unificar a ortografia da língua portuguesa que, atualmente, é o único idioma do ocidente que tem duas grafias oficiais - a do Brasil e a de Portugal”.



A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) afirma que a dupla grafia limita a dinâmica do idioma e dificulta a difusão cultural, a divulgação de informações e as relações comerciais entre os países de língua portuguesa.



No plano internacional, a falta de unidade na grafia limitaria a capacidade de afirmação do idioma, já que torna necessárias traduções diferentes para o Brasil e para Portugal, e dificultaria o estabelecimento do português como um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU).



Que países fazem parte do acordo?



Brasil, Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe já ratificaram o acordo, mas apenas o Brasil criou um cronograma de implementação das novas regras. Nos demais países, ainda não há data certa para a entrada em vigor do acordo.



Moçambique, Angola, Guiné-Bissau e Timor Leste - os outros países que têm o português como língua oficial - ainda não aprovaram o documento.



No entanto, em julho de 2008, os chefes de governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), reunidos em Lisboa, manifestaram "o seu regozijo pela futura entrada em vigor do Acordo Ortográfico, reiterando o compromisso de todos os Estados membros no estabelecimento de mecanismos de cooperação, com vista a partilhar metodologias para a sua aplicação prática".



Como a reforma pode entrar em vigor se não foi ratificada por todos os países de língua portuguesa?



O Acordo Ortográfico original, aprovado em Lisboa, no dia 12 de Outubro de 1990, previa que as mudanças entrariam em vigor no dia 1º de Janeiro de 1994, quando todos os países envolvidos já deveriam ter ratificado a reforma.



Como até a data limite apenas Brasil, Portugal e Cabo Verde haviam ratificado as mudanças, a reforma não entrou em vigor.



O acordo passou então por protocolos modificativos. O primeiro, de 1998, retirou o prazo para ratificação, mas manteve a necessidade de aprovação por todos os países de língua portuguesa.



O segundo, assinado em 2004, previa que a reforma entraria em vigor com a ratificação por apenas três dos Estados signatários. Foram eles Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, fazendo com que a reforma fosse oficializada no dia 1º de Janeiro de 2007.



Mas a aprovação do acordo em Portugal era considerada fundamental para que se avançasse na implementação das mudanças.



Depois de vários adiamentos e polêmicas, Portugal ratificou então, no dia 16 de maio de 2008, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.



Quantas palavras serão afetadas pelo Acordo Ortográfico?



Segundo o MEC, a unificação da ortografia acarretará alterações na forma escrita em 1,6% do vocabulário usado em Portugal e 0,5%, no Brasil, e as diferenças ortográficas existentes entre o português do Brasil e o de Portugal serão resolvidas em 98%.



Quais foram os critérios utilizados para desenvolver as normas ortográficas?



Segundo o próprio acordo, o esforço de unificação da grafia foi feito segundo um critério fonético, ou seja, a grafia das palavras foi modificada de forma a aproximá-las à forma falada. Um exemplo disso é a abolição das consoantes mudas no português de Portugal, como nas palavras acção, adopção e óptima.



O que é o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp)?



É o documento que deverá oficializar a grafia padrão nos 8 países de língua portuguesa e servir de base para os novos dicionários. A Academia Brasileira de Letras prevê que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa esteja pronto em Fevereiro de 2009.



REFORMA ORTOGRÁFICA



As novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entram em vigor a partir de 1º de janeiro de 2009. Oito países, onde o português é língua oficial, vão precisar ajustar sua gramática às novas regras, que têm como objetivo unificar as diferentes grafias. No Brasil, as principais mudanças serão a eliminação de alguns acentos e do trema, além da adoção de novas regras para o hífen. Esta é a quinta vez que a ortografia da língua portuguesa passa por reformas. As regras ortográficas atuais continuarão a ser aceitas até dezembro de 2012.



Alfabeto com 26 letras

O alfabeto incorpora as letras k, w e y, que serão usadas para escrever: 1) símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), w (watt); 2) palavras e nomes estrangeiros e seus derivados como show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, Kafka, kafkiano.

Trema

O trema deixa de ser usado, a não ser em nomes próprios e derivados. Palavras como lingüiça, seqüestro, tranqüilo deixam de ter trema. No entanto, o acento continua a ser usado em palavras estrangeiras e seus derivados: Müller e Bündchen são exemplos.

Acento agudo

O acento agudo não será mais usado nos ditongos abertos ei e oi de paroxítonas (que têm acento tônico na penúltima sílaba). Palavras como idéia, assembléia e jibóia perdem o acento agudo. As oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis continuam a ser acentuadas: chapéu(s), papéis, herói(s), troféu(s).

Palavras paroxítonas com i e u tônicos perdem o acento quando vierem depois de ditongo. Por exemplo, feiúra, baiúca, bocaiúva ficam feiura, baiuca, bocaiuva. No entanto, o acento permanece se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem no final ou seguidos de s. Exemplos são Piauí, tuiuiú, tuiuiús.

Formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com u tônico precedido de g ou q e seguido de e ou i também perdem o acento agudo. Verbos como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir) mudam e passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem.







Acento circunflexo

O acento circunflexo não será mais usado nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e derivados. Por exemplo: 'eles crêem', 'que eles dêem', 'todos lêem', 'as meninas vêem' passam a ser escritos desta forma: 'eles creem', 'que eles deem', 'todos leem' e 'as meninas veem'. Palavras terminadas em hiato oo também vão sofrer mudanças: enjôo, vôo e magôo ficam enjoo, voo e magoo. No entanto, permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter, vir e derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir, etc). Exemplos: ele tem dois carros/eles têm dois carros; ele vem de Sorocaba/eles vêm de Sorocaba.

Acento diferencial

Os acentos agudo e circunflexo não serão mais usados para diferenciar as seguintes palavras: 1) pára (flexão do verbo parar) de para (preposição); 2) péla (flexão do verbo pelar) de pela (combinação da preposição com o artigo); 3) pólo (substantivo) de polo (combinação antiga e popular de 'por' e 'lo'); 4) pélo (flexão do verbo pelar), pêlo (substantivo) e pelo (combinação da preposição com o artigo; 5) pêra (substantivo - fruta), péra (substantivo arcaico - pedra) e pera (preposição arcaica).

O acento circunflexo permanece para diferenciar pôde (passado do verbo poder) de pode (presente do verbo poder). Permanece também o acento para diferenciar pôr (verbo) de por (preposição). O uso do circunflexo para diferenciar as palavras forma (formato) e fôrma (de fazer bolo) é facultativo.

Hífen

Depois de prefixo, quando a segunda palavra começar com s ou r, as consoantes devem ser duplicadas. Exemplos: antirreligioso, antissemita, contrarregra. No entanto, o hífen será mantido quando os prefixos terminarem com r, como hiper-, inter- e super-. Exemplos: hiper-requintado, inter-resistente, super-revista.

Não usa-se o hífen quando o prefixo terminar em vogal e a segunda palavra começar com uma vogal diferente. Exemplos: extraescolar, aeroespacial, autoestrada.

Sempre usa-se o hífen diante de h. Observe os exemplos: anti-higiênico, super-homem.

Outros casos para o uso do hífen

Prefixo terminado em vogal: 1) não usa-se hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo. 2) Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo. 3) Não usa-se também diante de r e s, e dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom. 4) Usa-se hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas.

Prefixo terminado em consoante: 1) usa-se o hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário. 2) Não usa-se hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico. 3) Não usa-se também diante de vogal: interestadual, superinteressante.

Com o prefixo sub, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano. O prefixo co une-se em geral com a segunda palavra, mesmo quando esta se inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar.

Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-presidente, vice-rei, vice-almirante. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, sempre usa-se o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.

Pronúncia de verbos

Há variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. Se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Exemplos: verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem. No verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.

Se os verbos forem pronunciados com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas. Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras): verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam, enxague, enxagues, enxaguem. verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem, delinqua, delinquas, delinquam. Obs: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, com a e i tônicos.

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